Cap. 159
Westwood (ou Moses ou Murder Moe Bufford, como queiram) está sentado na capela, olhando para um crucifixo atrás do altar em busca de alguma resposta ou inspiração para a conversa que sabe que precisa ter com irmã Bridget.
Ele lembra quando ela chegou à cidade. Veio direto à igreja, se apresentou e disse haver sido enviada por um cardeal cujo nome ele fingiu conhecer, mas que não fazia ideia de quem fosse.
Mais preocupado em não levantar suspeitas, ele evitou fazer perguntas e sempre manteve uma relação distante e silenciosa com a moça.
Como não eram realizadas missas, Westwood imaginou que não haveria dificuldades em manter sua imagem de padre, afinal, pensava ele: "tirando as missas, um padre é um homem que come, dorme, caga e bebe como qualquer outro".
A verdade é que ele se precavia muito mais com Isabel Maria e outras carolas da cidade. Não havia ameaças dentro de suas muralhas, em sua concepção, e tudo estava sob controle, mesmo porque, a chegada de Lucretia tirou o padre da mira das beatas.
Mas, as palavras da freira continuam a ecoar: “...te ensino a ser padre”.
É preciso passar aquilo a limpo.
Irmã Bridget entra na igreja, suja de terra e carregando uma grande faca na mão direita. Talvez aquele não fosse o momento mais adequado para uma conversa, porém, qual o momento adequado para abordar uma freira com surtos psicóticos sobre o quanto ela sabe sobre suas mentiras?
Westwood olha para a freira, depois para o crucifixo e, como Jesus não se manifesta, decide que é melhor resolver logo essa situação.
— Imã Bridget. – chama ele, com voz controladamente calma. — Teria um momento para conversarmos?
A moça para e retorna. O padre, inconscientemente, leva uma das mãos à arma sob sua batina.
— Claro, senhor padre. O que o senhor deseja?
Westwood, medindo as palavras: — Precisamos falar sobre a história de eu... te ensinar a machucar... e você...
— Ensinar o senhor a ser um padre. – completa a moça, emendando, sem esperar uma reação de Westwood: — Por que, o senhor acredita que já está pronto para isso?